terça-feira, 9 de julho de 2013

Ele a deixou ir

Embriagado pelo álcool e pelo frio ele desabafava. Com um cigarro de palha no canto da boca ele falava e gesticulava, falava dos planos de vida e reclamava da solidão, da falta de uma companhia, de uma companheira, uma amante, uma namorada...

Questionava o porque de estar sozinho, ele percebeu que o tempo passou e que a idade chegou. Viu seus amigos encontrarem a tampa de suas panelas, viu suas amigas casarem com as metades de suas laranjas, se olhou no espelho, olhou para o lado deu-se conta que estava sozinho.

Pensou em tudo que viveu lembrou das aventuras, das mulheres com quem se deitou e das paixões, do primeiro amor. Tentou em vão contabilizar as noites que desejou ter alguém especial ao seu lado, acordar e sentir um perfume bom no seu travesseiro e se deu conta das chances desperdiçadas.

Não é tarde, ainda há tempo. Talvez não mais com aquela pessoa que poderia ter aceito a aventura de viver ao seu lado, de dividir uma vida, de crescer e construir. Com ela a chance foi perdida, a oportunidade passou, não por falta de paixão, desejo e química mas por falta talvez de sensatez e responsabilidade, de olhos mais atentos e sensibilidade. 

Ela tem outro alguém, ele está lá com suas promessas nunca cumpridas, com a idade cronológica sempre incompatível com a mente e o juízo (ou a falta dele). Ela formou, saiu de casa, encontrou um emprego e um peito pra se aquecer nas noites de frio. 

Ele continua lá com os mesmos assuntos, com o medo de se envolver e de se deixar levar por um grande amor..
Cuidado rapaz, assim como ela passou outras também passarão e você mais uma vez não vai notar e outra chance irá passar.

segunda-feira, 4 de março de 2013

sonho real

Acordei assustada no meio da noite, tateei ainda de olhos fechados o travesseiro ao lado: vazio!
Abri os olhos e saltei da cama, minha visão tentava se adaptar ao breu do quarto, sonolenta e confusa chamei por ele, repeti seu nome por diversas vezes e só então me dei conta de que ele nunca estivera ali, foi apenas um sonho, muito bom, mas ainda sim apenas um sonho.

Procurei de volta o caminho da cama, cacete!!! bati com o mindinho na quina da cama, que dor! 
Me ajeitei na cama ainda passando a mão pelo dedinho dolorido, afofei os travesseiros e tentei repassar mentalmente o sonho que tive. 

Parecia tão real, estávamos lá eu e ele, de sorriso de canto de boca, aquele olhar doce e atrevido, suas mãos quentes na minha frias de suor. Ele deitado ao meu lado, o peito nu, ainda arfante, eu me sentei ao seu lado cruzei as pernas e o encarava extasiada de prazer, ele me fitava como se tentasse ler meus pensamentos, nunca foi bom nisso, mas eu era...conseguia decifrar cada olhar, cada gesto, até mesmo o modo como se movimentava eu era capaz de saber o que se passava naquela cabeça...olhos transparentes, iam direto na alma.

A noite tinha sido incrível, um vinho escolhido a dedo pra ocasião, o jantar dispensava comentários, o papo estava leve, divertido como sempre, eu não parava de sorrir e ele não parava de olhar para meus lábios. Ele estava mais nervoso do que demonstrava estar, eu estava ansiosa, sentia um sabor de vitória, o gosto da conquista. sim, não nego ele era apenas mais uma das minhas conquistas, um fetiche, um bibelô pra coleção, eu coloquei na cabeça "eu quero aquele homem". E quando eu quero...ah não duvidem!
Eu queria seduzir, estava ali para ser o diabinho que atenta, que quer que o outro cometa o pecado, nesse caso eu era a pura luxúria, cheia de desejo. Eu sabia que por mais certinho que fosse ele não resistiria, vinho, boa comida, um vestido justo e sensual, um perfume suave e marcante, uma boca vermelha e sedenta por um beijo, e ele não resistiu.

Me tomou em seus braços com tanta vontade que sai perdendo um de meus sapatos. Me apertou contra a parede, nossas respirações se completavam, os corações batiam juntos, compassados. Sentia suas mãos pequenas, mas fortes me acariciarem as costas de um jeito que o tecido do meu vestido parecia quase inexistente, sentia o arrepio percorrer pelo meu corpo, o suor começava a brotar dos meus poros, meus mamilos estavam rijos, eu era puro tesão.

Ele percebeu pois logo senti em minhas coxas o volume por dentro de duas calças, ele me beijou com ainda mais intensidade, meio que desajeitado trombando entre sofás e mesinhas de centro, ele encontrou o macio tapete da sala e se jogou por cima de mim.
Eu delirava de prazer, o sabor da vitória, o gosto do desejo, o tesão pulsante na pele. não me continha e percorria seu corpo com a ponta dos meus dedos, desabotoei com agilidade os botoes da camisa e já com pressa arranquei seu cinto.

Ele tirou minha blusa como se desvirginasse cada parte do meu corpo, ele era delicado até nessa hora, eu ri, ele quis saber o porque eu o calei com um beijo...
Rolamos pelo tapete, entre beijos, toques e sussurros. Nem me lembro por quanto tempo ficamos ali, transando, fazendo amor, trepando, gozando, matando a sede, o desejo de ter um ao outro.

A hora passou, mais uma garrafa de vinho terminou e eu o convidei pra ficar, ele aceitou com um sorriso encabulado, é porque eu sei que ele ronca, e eu detesto! 
Enquanto eu tomava banho, conversávamos amenidades, ele foi depois, usou a desculpa que não gosta de ducha gelada, eu fingi que acreditei. Adormeci no meio de uma conversa qualquer, me aninhei no seu peito e só me dei conta de que ele não estava mais lá quando acordei e senti o travesseiro ao lado vazio, eu me dei conta que na verdade ele nunca esteve.
Só mesmo nos meus desejos intensos e profundos, nos meus pensamentos vadios e cheios de luxúria.

Me enrolei no edredom, abaixei uns três graus no ar condicionado e ainda sonolenta peguei o celular e digitei "sonhei com você..." apertei a tecla verde e li "mensagem enviada", virei para o lado abracei o travesseiro vazio e senti o cheiro dele, era tão real...

interrogações

Eu tô tentando entender, organizar os sentimentos, pôr em ordem essa confusão de pensamentos que me afligem, me angustiam, me inquietam a alma.
Como lidar com tanto sentimento junto ao mesmo tempo, poderia ser mais fácil, assim do tipo organizar gavetas do armário: uma sacola pro que não serve e uma caixa pro que vai ficar. Simples! 

Me atormenta a alma não conseguir lidar com meus próprios sentimentos e essa mania que eu tenho de ter solução pra todos os problemas alheios e os meus ali sendo empilhados dia após dia...

Eu mal consigo decidir que cor de esmalte usar, como vou saber se tomei a decisão certa pra vida toda? 
O mundo pesa sobre meus ombros e não sei mais quantos passos serei capaz de dar, estou fadigada da caminhada, longa e dolorida. Carrego cicatrizes que já nem me lembro de qual tombo foi...

Porque é tão difícil decidir??? Não seria mais fácil lançar a moeda num cara ou coroa?
Eu tenho pra mim que morrerei na dúvida eterna, dividida entre o se e o talvez, tentando achar respostas pra perguntas que eu nem sei se estão corretas.

Minha vida será sempre assim, um mar de interrogações.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Carta aberta à amizade



Minha mãe sempre me dizia que nós sabemos a quantidade de amigos que temos nos momentos de alegria e a qualidade deles nos momentos de dor.

Eu carrego comigo amigos de longa data, alguns eu nem me lembro há quanto tempo estão na minha vida, passamos tanta coisa juntos, vimos amigos partirem e novos amigos chegarem.
E eu também tenho aqueles amigos que são recentes, mas que a força da amizade faz parecer que são de longa data, amizade que vem de outras vidas.





Esses amigos eu chamo carinhosamente de amigos de alma, um tem nome e sobrenome, endereço e RG. Kênia Faria Lima.
Nós nos conhecemos nesta vida a cerca de 5 anos, mas a nossa história com certeza não começou aqui. Nosso reencontro não foi acaso, mera coincidência, naquele dia eu nem queria sair, mas, acabei indo e além da ressaca da manhã seguinte ganhei a amizade dela.

Kênia é a prova daquele pré-conceito que carregamos ao conhecer pessoas e julgá-las pelo que ouvimos falar pela boca dos outros. 

Todos caíram por terra.
Por trás de tantas suposições , casos, histórias, disse me disse estava ela a verdadeira Kênia e que eu agradeço a Deus por ter tido a sorte de conhecer.

Foi realmente amor a primeira vista (nesta vida). Impossível não se encantar com aqueles olhos que brilham feito os de uma criança quando ganha um brinquedo, como pode uma mulher que viveu tudo o que viveu ainda manter  o espírito de criança e a fé nas pessoas, se fosse eu ela sabe. Já tinha desistido, mas, ela ah... ela não, ela não perdeu a fé, ela não desistiu de lutar apesar de tudo, esse tudo que pode ser escrito em caps lock....

Foi ela quem me disse uma vez uma frase que eu jamais conseguirei esquecer, não foi só uma frase de efeito, foi uma lição: “chorar dentro de um carro importado ou dentro de um banheiro dói a mesma coisa”. E eu depois desse tapa na cara, sentada lá em bedely (provavelmente tomando Chandon) aprendi mais uma vez que ser é melhor que ter.

Ela é livro aberto, coração aberto, me contou sua história, eu contei a minha e pronto, éramos amigas de infância, irmãs de alma.
Dali em diante vivemos tantas coisas juntas que dariam livros, trilogias, talvez até mais. Entre tantas cervejas, bolhas, ressacas, 10’s com bananas, diarréias, lágrimas e sorrisos. Dividimos experiências, alegrias, somos companheiras de viagens, somos ombro amigo, somos a companhia da madrugada de insônia, dividimos cervejas, faxinas, sonhos, segredos e esperanças.

Rimos das nossas próprias desgraças, choramos nossas desilusões, bebemos nossas mágoas, dividimos o mesmo edredom, o mesmo prato e até a mesma família, família que a acolheu, adotou e ama desde sempre.

A nossa amizade é mais, mais que respeito, confiança, fé na vida, é mais que gostar de estar perto, é querer o bem, é doação, é não dormir enquanto o telefone não toca e eu ouço “cheguei bem”, é receber um recado no facebook “queria você aqui comigo”,, é mais do que eu possa traduzir em palavras, é coisa que transcende, que vai além do que alguém possa tentar deduzir.

É passar as dificuldades juntas, é estar junto mesmo sem bedely ou carro importado, é pegar busão lotado carregando debaixo do braço um fardo de cerveja e no coração uma saudade enorme. È adotar os filhos como sobrinhos e mesmo cansada fazer bolo de cenoura com calada de chocolate. É mais do que perder noites de sono, é mais que rachar lenha, carregar grade de cerveja, é mais que qualquer esforço físico, é mais que qualquer sentimento possa traduzir.

Como disse Elis “só vai beber champanhe do meu copo, quem comeu grama comigo. É isso Nêga, na alegria, na dor, nos porres, nas blitz da polícia, no Belvedere ou no fundo de cozinha, onde quer que seja, onde quer que esteja. O importante é estarmos juntas e lembramos que estar perto não é físico.

Eu poderia sim passar horas escrevendo e tentando contar nessas linhas a nossa história, mas o que eu quero mesmo que você saiba que você é pra mim mãe, irmã, amiga, companheira e exemplo. Exemplo de uma pessoa que tem a alma de uma criança e a força de uma guerreira, você é exemplo de amor, de não desistir dele apesar “de”, exemplo de alguém que conhece a dor, mas mesmo assim não abandonou a alegria, não perde a esperança no ser humano, voc êé exemplo de que é preciso acreditar, é preciso ter fé em o que quer que seja. Você é sim boa mãe, não importa o quanto te julguem, você foi boa esposa, é boa filha e é com certeza uma ótima amiga, peça rara e em extinção.

Eu sei que Deus tem planos maravilhosos pra sua vida e que a “tal felicidade” que você procura chegará, eu desejo que todos os seus dias sejam de brilho nos olhos, sorriso largo no rosto, cerveja gelada, céu de arco íris, noites de céu estrelado e brisa fresca, que com o passar dos anos você ganhe mais e mais, e que não perca nunca a sua essência, o que te faz ser quem você é.

Lembra quando eu te disse que aquele ano que eu te conheci já tinha valido a pena só por você ter aparecido na minha vida, pois é, desde então cada dia tem valido a pena.
Sou grata por você fazer parte da minha vida, por você ser um pedaço de mim, pedaço especial, essencial, eu aprendi muito com você, eu cresci com você, eu voltei a ser criança, eu reencontrei partes perdidas de mim, eu achei você!

Que todos os seus dias sejam de feliz aniversário, de recomeço, de paz e saúde, tudo que eu disser ainda será pouco.
Sábio foi quem disse que amigos são a família que Deus nos permitiu escolher.

Eu te amo pra você é pouco!

Feliz 37!

segunda-feira, 4 de junho de 2012

reencontro

Ele fez o covite, eu hesitei. Pra que remexer num passado dolorido e tão presente? Pra que arriscar?
Deu medo, arreguei, inventei uma desculpa, depois mandei um sms e falei a verdade "Tô com medo, medo de te ver, de não saber o que sentir o que fazer, medo de te olhar e querer me atirar de novo nos teus braços".


Ele respondeu "tudo bem, é seu direito, mas olha tô aqui se mudar de ideia, se cuida" - vai pra porra com esse se cuida, porque você não diz deixa que eu cuido de você? me cuidar é o que eu tenho (tentado) feito desde sempre....


Dormi bem como não dormia a muitas semanas, acordei tarde com o coração acelerado e nenhuma vontade de fazer as malas, desmarquei meus compromissos, avisei minha mãe, me enrosquei de volta no edredom, coisa boa é cama da gente....cochilei mais um pouco e decidi que ia aproveitar a segunda como se fosse feriado. 


Me arrumei e fui andar, bater perna, comprar miudezas, comer besteira, ver um filme sozinha, resolvi que ia me amar mais hoje e foi quando o telefone tocou e ele perguntou do outro lado se eu já tinha partido, quis mentir mas meu coração não deixou e acabei aceitando o convite pra um filme, uma cerveja, um papo...marcamos.


Desliguei o telefone, me arrependi. MERDA! sempre faço isso. E agora? e meus planos para o meu dia comigo? sigo em frente ou me jogo na cama de novo?
Banho e rua e seja lá o que isso for...cantarolei fé em Deus e pé na tábua e fui embora...


O filme me distraiu, olhei pro relógio e putaquepariu tô atrasada pra variar, entrei no banheiro do shopping e sem me importar com a senhora que lavava as mãos arranquei minha blusa e catei a outra na bolsa, comecei a me maquiar de qualquer jeito só pra dar uma melhorada mesmo, o cabelo já tava uma bosta (ele nunca fica bom quando precisamos, jamais deixe sue cabelo saber que você tem um encontro), fiz um xixi rápido e me embrenhei no meio do povo no caos das ruas quando o relógio marca dezessete horas e trinta minutos.
Não podia correr pra não suar e piorar o meu estado, meu estômago doía e  minha sapatilha causou uma bolha no meu calcanhar, pra piorar só se ele não fosse, ou talvez isso fosse bom...cheguei!


Catei uma água no quiosque, um chicletes na boca e fui me "ajeitando" nos espelhos da escada rolante, juro que eu achei que a moça do meu lado estava ouvindo meu coração bater destrambelhado, qualquer um podia ouvir, quase caí no fim da escada, me ajeitei e de longe eu o vi...depois de quase dois anos...o mesmíssimo menino de barba feita, cabelo raspado, mais gordinho, mas o mesmo, o meu mesmo amor de antes, coração não estava cabendo dentro do peito.


Ele me abraçou, elogiou meu perfume, meu novo visual, ficou meio sem graça quando constatei que ele estava mais gordinho, menos sarado, riu com as bochechas vermelhas, meu menino!!!! quase o beijei lá mesmo em meio aos adolescentes de uniformes e casais com pipocas nas mãos.


Conversamos amenidades e trocamos os super-heróis por chopes gelados. Ele tirou da mochila uma sacola de chocolates, uma rosa e me deu um beijo, desviei e foi "na trave", gelei. Pedimos nossas bebidas e começamos a bater papo, a falar da vida, das nossas vidas, do passado, do presente, casualidades...


O clima era evidente, e no terceiro chopp eu fui ao banheiro pra evitar um beijo, quando voltei quase caí dura quando dei de cara com um rapaz no restaurante tocando violino para os clientes. Só faltou as velas, de resto tava tudo armado, parecia combinado quando ele fez uma sequencia de Roberto Carlos com "carinhoso" e pra maltratar tocou Fascinação, quase chorei e pedi pra ele ir embora...sorri sem graça e ele percebeu meu desconforto, despistei, ele chegou ais perto começou a me elogiar e a relembrar bons momentos, no violino "eu sei que vou te amar" quase quebrei a tulipa e cortei os pulsos (sou dramática), passou a mão pela minha cintura, começou a beijar minhas mãos enquanto conversávamos e ao som de "i see little pray for you" eu me rendi e nos beijamos.


Quase ouvi a torcida em volta gritar gol, mais um pouquinho e haveria fogos de artifícios no céu, foi doce, foi intenso, foi quente, foi bom. Não paramos mais de nos beijar, eu tentava relaxar e espantar o medo de sentir o que eu sentia, o tesão era evidente mas eu tinha que ser forte, ao menos racional. 


Passamos o resto da noite entre frases e muitos beijos, não deixei que ele me trouxesse em casa, nos despedimos com promessas de nos vermos em breve.


Lancei os dados, tentei a sorte, foi dada a largada e agora....seja o que Deus quiser e espero que eu não me arrependa. Uma coisa eu já aprendi: amor de verdade adormece, mas não morre.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Já era tarde

Depois de tanto tempo, tanto tempo que nem sei mais, talvez o que? uns 18 meses?! é por aí... ele reapareceu feito fênix ressurgindo das cinzas, como uma alma mal desencarnada que vaga pelo umbral. Através de um sms num fim de domingo. 

Eu que não sabia ao certo se enfim tinha superado levei um baita susto. Foi um mix de reações: por uns minutos o chão se abriu sob meus pés, a barriga doeu e ameacei chorar, me contive e tentei racionalizar. Diante daquelas poucas frases não sabia se respondia, se ignorava ou se...e de repente o celular desandou a vibrar e tocar aquele toque polifônico que tanto me irrita, era ele! 
Ah não acredito, ele me binou??!!! Não perdeu a mania, não cresceu e ainda usa um telefone pré pago.
Retorno? Desligo essa porra? Ele binou de novo....

Dividida eu olho pro aparelho em minhas mãos suadas, disco o número que eu nunca esqueci, aperto o verde? aff que dor de barriga...
Seja o que Deus quiser e ele atende no segundo toque, digo alô coma  voz rouca, coração acelerado. Ele responde a saudação com voz de choro pergunta como eu estou e começa uma conversa cheia de frases soltas e  entra no seu velho discurso, o mesmo daquela quarta-feira quando eu liguei pra confirmar o cineminha da noite e ele terminou comigo, impressionante! ele deve ter escrito ou decorado porque ele repetiu exatamente as mesmas frases, palavra por palavra. 
Senti na hora a dor daquele momento, senti tudo de novo, revivi cada sentimento, a dor e as lágrimas.

Respirei fundo e  continuei ouvindo calada o velho pedido de perdão pós confissão "mea culpa, máxima culpa" e blá blá blá eu respondi de novo e de no novo que eu não tinha mais ódio nem raiva, só tristeza e que por isso não havia nada pra perdoar, afinal ele queria seguir o seu caminho e eu não poderia impedi-lo, sabia que isso isa doer nele e falei de propósito.

Ele puxou assunto de novo depois de uns segundos de silêncio, tentou parecer natural e perguntou banalidades, coisas do dia a dia e eu monossilábica respondia  a tudo como numa entrevista de emprego.

Eu me despedi falei que tava tarde e precisava dormir (mentira ainda tava passando Fantástico), ele fez de novo, e ele sabia que isso me mata finalizou com o horroroso "beijo, se cuida" nada mata mais uma mulher do que ouvir isso de um cara que ela gosta/gostava enfim... isso é péssimo tá! meninos não façam isso jamais com uma mulher digam apenas beijo e tchau, mas se você não tem intenção de cuidá-la não peça para que ela cuide-se sozinha, é triste, feio e dói.

Desejei boa noite e apertei o end, fim! O telefone ficou mudo e eu desabei no chão da cozinha, sentei e fiquei ali esperando as lágrimas caírem, mas elas não apareceram. Eu não sei ao certo o que eu sentia, não era uma coisa só, tinha um pouco de tristeza, um punhado de dor, mais um tantinho de ressentimento e pitadas de saudade. É acho que foi um pouco disso.

Diferente dos meus outros exs esse depois que o relacionamento acabou não o vi mais, não teve nenhum reencontro nem mesmo casual, mais de um ano e eu não tive nenhum contato visual com ele. Uma vez ele me mandou uma mensagem dizendo que me viu passar no centro da cidade, mas como ando no mundo da lua e a miopia ajuda eu por obra divina não o vi nesse dia. Não sabia qual reação eu teria, naquela época seria bem capaz de eu dar piti e ameaçar me jogar na frente de um ônibus bem no meio da avenida paraná.

Ultimamente eu voltei a pensar nele, mas sei lá cara, tá estranho, tenho sentido outras coisas, racionalizei as paradas. Vez ou outra ele surge através de uma mensagem de bom dia/noite pergunta como estou , outro dia desses aí ele ligou (binou não meu povo, ligou mesmo) deixou no ar a vontade de me ver, um reencontro entre amigos pelo tom da voz, mas com um fundo de saudade, disse que viu minha foto de formatura me deu os parabéns, elogiou e disse que tô bonita, agradeci inventei outra desculpa e desliguei.

Não sei se quero, se aguento, o que eu sei é que se passaram tantas quartas-feiras depois daquela que eu aprendi que a saudade que eu sinto é de algo que já foi e que não volta, a saudade é do passado e um presente ou futuro jamais seriam iguais.

Eu tô naquela de "compreender a marcha e ir tocando em frente" e como eu tô carente eu tenho forte tendência a misturar as coisas e misturar sentimentos da mais ressaca que vodca com vinho.
Eu sinto saudade da felicidade que eu sentia ao lado dele, mas nós já não somos mais os mesmos, ninguém pisa duas vezes no mesmo rio e essa felicidade não seria a mesma hoje, porque o hoje é diferente dos anos que ficaram pra trás, amanhã eu já nem serei a mesma de hoje....divagações....

A vida seguiu seu rumo, como o rio segue seu curso. Nos encontraríamos hoje como dois estranhos, se conhecendo novamente e não, não daria certo eu sei disso. Eu sinto falta do que éramos juntos e jamais voltaremos a ser, a fila andou e eu esqueci de falar pra ele naquele telefonema no meio da reportagem do Zeca Camargo que ele voltou, mas voltou tarde demais.

sábado, 24 de março de 2012

Nem de ferro, nem de aço

Eu frequento o consultório do meu psiquiatra/terapeuta há uns quatro anos mais ou menos, e nesses anos todos de diversas indas e vindas ao consultório eu não me lembro de em alguma sessão que seja não tê-lo questionado sobre a seguinte questão "Por quê viver é tão difícil?"


E no meio de tantas falas, tantos discursos, objeções e reclamações (da minha parte, é claro!) ele sempre terminava dizendo "Coragem menina, coragem" - um adendo para o tanto que esse menina me faz bem, tanto para o ego perto de quase 1/4 de século de vida, quanto para a alma que sente um afago e um carinho com um quê de proteção - E eu sempre volto pra casa me questionando sobre essa tal coragem.


A verdade minha gente é que eu sempre fui tachada de forte e corajosa, eu era a durona da turma, a mandona da escola, a com cara de mau e título de briguenta. Quanta bobagem minha Santa Cher!


Entendam definitivamente que eu não sou forte, não sou de ferro, nem de aço, não sou descendente do Wolwerine e portanto não tenho adamantium no corpo, sou feita de carne, sangue e ossos...que se quebram! Eu sangro muito, sempre....E convenhamos néh eu não me recupero tão fácil dos ferimentos como o herói dos quadrinhos, e nem de longe me pareço com aquela delícia de barba mal feita que passa na telona pilotando sua moto e derrubando helicópteros com suas garras inquebráveis.
Eu? eu me machuco fácil e demoro semanas para curar um machucado na pele, os ferimentos da alma, esses demoram anos...


Eu tenho medo, muito medo. Tenho medo até de ter medo!!!!
Tenho medo de abelha, de barata, de cobra, de aranha e de rato. Tenho medo até de urso polar como se fosse me deparar com um exemplar desses na esquina de casa. Eu tenho medo da solidão, tenho mais medo ainda de bicho gente, tenho medo da morte, não da minha, que fique claro isso. Tenho medo da morte das pessoas que eu amo, é que sabe gente, quem não sabe perder tem medo.


Eu sou c-a-g-o-n-a, tenho medo e me escondo dos meus bichos papões embaixo das cobertas e choro feito uma criança assustada.
Eu grito Paaaiêee, manhêeee quando o bicho pega e eu não tenho pra onde correr, eu rezo e faço promessas, tudo isso por medo.


Então parem de me chamar de corajosa e Vida pare de me dar porrada como se eu fosse sobrinha nea do Wolwerine, grata.


Enfim, eu sempre me lembro do meu psiquiatra e tenho certeza de que le também lê Guimarães Rosa. E são as palavras do poeta que eu repito pra mim mesma todos os dias como quem canta um mantra ou faz uma prece:
"O que a vida quer da gente é coragem".




"O correr da vida embrulha tudo.

A vida é assim: esquenta e esfria, 

aperta e daí afrouxa,

sossega e depois desinquieta.

O que ela quer da gente é coragem."

(Guimarães Rosa)

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Promessas de Ano Novo

Nunca fui de fazer listinha de ano novo, na verdade nem nunca me preocupei em comprar uma roupa nova (e branca), me dei sempre por satisfeita em apenas a calcinha ser nova...
Nunca fiz promessas de ano novo, mal mal alguns planos que sempre estiveram mais próximos de sonhos do que propriamente de planos. 
Nunca fiz balanço de fim de ano novo, meus balanços são quase sempre diários, estou sempre pensando e repensando num círculo vicioso que me leva noites e noites de sono que nem minha coleguinha tarja preta é capaz de resolver.
Esse ano foi de longe um dos mais difíceis, prêmio nobel de mais estressante sem sombra de dúvidas. Não faço a menor ideia do que me aguarda em 2012 e não ter controle sobre as coisas (as que me envolvem propriamente) é uma das coisas que mais me desatina, me da mesmo mesmo...
Esse ano também não fiz listinha, mas sei das coisas que preciso resolver em 2012, das coisas que preciso fazer e alcançar dessa vez são muito mais que promessas, são dívidas comigo mesma que preciso saldar.
E o mais importante desta lista é o item número 1, parágrafo único:
- Não carregarei mais comigo as lembranças do passado que insistem em me atormentar (porque EU permito); não deixarei que as mágoas de um ontem já bem distante me impeçam de caminhar e olhar para frente, não permitirei derramar lágrimas que já secaram, que hoje são em vão; não me autorizo a sofrer por algo que não existe mais; deixarei meu coração aberto, limpo e livre para que novos sentimentos o alcancem, darei a ele a chance de amar novamente sem medo ou comparações de amores antigos, amores que padeceram e que eu ainda vivo em luto. E por fim me amarei cada dia mais, me respeitarei e cuidarei de mim, do meu corpo, da minha mente e da minha alma, aceitarei minhas limitações e imperfeições, cuidarei de melhorar meus defeitos e de aprimorar minhas qualidades, antes de tudo carregarei comigo a máxima que "só depende de mim e da vontade suprema de Deus". 
Os outros itens desta lista de comprometimento com o ano novo são apenas extensões deste parágrafo, não são promessas, não são metas nem sonhos, são resoluções e um compromisso comigo mesma para um ano bom, um ano leve, um ano em paz comigo mesma e com meu coração. Sem medos, sem lembranças ruins, sem ressentimentos com um passado que...passou! Um ano que eu me permita ser, sentir, querer, um ano em que eu me permita ser livre, onde eu possa voar mesmo que com os pés no chão! 

sábado, 3 de dezembro de 2011

querer

Eu queria que você estivesse aqui do meu lado pra me abraçar, me dar colo e sussurrar no meu ouvido “vai dar tudo certo”
Eu queria você ao meu lado pra segurar forte a minha mão, acariciar os meus cabelos e dizer desse seu jeito meio ogro “calma que ta tudo bem, eu to com você”
Eu queria poder descer as escadas correndo e ao chegar na calçada ver você parado ao lado do carro com aquele sorriso largo iluminando os olhos verdes, a camisa amarrotada só porque sabe que eu odeio e aquele perfume que me dá vontade de te cheirar pra sempre
Eu queria poder ter a certeza que é você quando o telefone toca e ouvir sua voz rouca de sono dizendo que está com saudade de mim
Eu queria que você estivesse aqui jogado na minha cama ao meu lado falando casualidades da vida, fazendo planos, sonhando os meus sonhos, dividindo a vida comigo
Eu queria que você estivesse comigo em todos os sentidos da palavra estar
Eu queria você e ponto final

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

ausência

Ausência é falta, é saudade, é a não presença, o espaço vazio que deveria estar ocupado, cheio, transbordando...
E porque a ausência dói mais a noite? e dói mais ainda quando faz frio?
Não sei, mas ausência pra mim é diferente de saudade, ausência é uma coisa mais palpável, é como se eu pudesse tocar a sua não presença...
A noite a ausência domina o pensamento, preenche todos os cantos da casa, machuca a alma, faz a garganta apertar e os olhos se encherem d'água...
E mesmo nas noites mais quentes quando eu deito e não acho o seu abraço, faz frio...