quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Quando chega o fim


"a todos Renatos e Marcelas....."

Era quinta feira, fim de tarde e o silêncio era quase palpável. Na sala, sentado no sofá, Renato balançava as pernas inquietantemente enquanto fumava um cigarro e tomava um copo de uísque com o olhar vago mergulhado em sua melancolia.
No quarto, Marcela secava as lágrimas que escorriam em silêncio pelo seu rosto, como um rio que bem já conhece seu trajeto, colocava algumas roupas na mala e guardava junto suas recordações; lembranças de noites de amor, de flores no café da manhã, de surpresas românticas no fim do dia. Sabia que tudo estava acabado e o vazio em seu peito aumentava à medida que guardava suas coisas e encaixotava seus livros.
Renato andava pela sala de um lado para o outro, esmurrava as paredes tentando conter a emoção e organizar seus pensamentos que o atormentavam. Perguntava-se Por quê? Onde tinha errado? Quem era o culpado pelo fracasso de uma relação que parecia tão estável? Existiam culpados? Ele não tinha nenhuma resposta naquele momento, talvez, nunca às tenha.
Marcela entrou na sala puxando uma das malas dizendo que mandaria buscar o resto depois. Ele a fitava com os olhos marejados e ela não fazia questão de conter as lágrimas que molhavam seu vestido verde, vestido este que Renato reconhecera, era presente de um ano de namoro...
Marcela respirou fundo, olhou bem para os móveis, para o apartamento no qual fora tão feliz e que agora deixava com tanta dor.
Renato e Marcela, Marcela e Renato. Um casal, uma história, uma vida. Um amor que chegou ao fim. FIM.

meu primeiro poema, para meu último amor


“e no instante que seus olhares se cruzaram
os lábios se atraíram,
as bocas se encontraram
e bastou o beijo para
o coração ter certeza
não faltava mais nada
o tempo parou
os sons cessaram
naqule momento
se amaram.”

A Ditadura da Magreza - artigo escrito para a faculdade



Silicone nos seios, quadril simetricamente perfeito e um rosto que traduza beleza clássica. Estes são os requisitos para ser considerada bela, com um corpo ideal. Ilusão das mulheres, principalmente brasileiras. Cerca de 7% destas confessam ter feito algum tipo de cirurgia plástica, e 54% já considerou a idéia de submeter-se a um processo cirúrgico. Os dados fazem parte da pesquisa realizada pela Dove, marca da Unilever, em dez países, dentre os quais apenas 2% das mulheres se dizem belas.
Há alguns anos o modelo da bela mulher era bem diferente e ter algumas gordurinhas a mais era sinal de beleza e saúde. O espartilho era a moda, modelava a silhueta da mulher deixando-as mais bonitas e elegantes. Este já era um sinal da ditadura da moda, já que muitas usavam o espartilho tão apertado que além de não permitir que ela se curvasse, comprimia o seu aparelho digestivo, atrofiava os músculos, espremiam as costelas, os rins e o fígado, levando-as por muitas vezes ao desmaio.

Hoje ser magra é quase que uma obrigação entre as mulheres. Quem tem alguns quilos ou curvas além do desejado já se sente obesa e entra em guerra com a balança. Isso porque, depois de algumas descobertas médicas de que a gordura excedente pode trazer malefícios à saúde, o padrão de beleza mudou radicalmente. E a pressão pelo corpo perfeito só aumentou levando milhares de mulheres de todo o mundo a uma rotina ditatorial para se igualarem as modelos esqueléticas que desfilam nas passarelas do mundo da moda, como se aquelas poucas fossem a maioria e fosse obrigatório a todas as mulheres vestirem manequim 36.

Esta obsessão em busca do corpo perfeito, que leva as mulheres a problemas como anorexia e bulimia, rende lucros bastante rechonchudos para os autores de dietas de todos os tipos que variam de tipo sangüíneo, dieta das celebridades (a “ortomolecular”) e mais um número exorbitante de remédios para emagrecer.
Atualmente, a criação de novos cosméticos e prática de cirurgias plásticas são tão freqüentes que se devem ter condições para corrigir ou esconder as imperfeições a todo custo. A insatisfação acompanha desde a seleção para emprego até o autocontrole emocional. O estereótipo de beleza contemporâneo é vendido pela mídia, e esta faz acreditar que é a receita para a felicidade. Uma Gisele Bündchen, por exemplo, pode fotografar e desfilar muito bem, mas, fora das passarelas, quem pode garantir que sua vida será sempre satisfeita e feliz?
No entanto, 13% das mulheres afirmaram que somente as top models são realmente bonitas. E ainda de acordo com a pesquisa, 68% das mulheres concordam que a mídia utiliza padrões irreais e inatingíveis de beleza. Percebendo que a identidade estética de cada ser humano é variável e particular, os especialistas indicam soluções mais saudáveis e eficientes a longo prazo, como a prática de esportes e as academias de ginástica.
Mas o culto ao corpo e a busca exagerada por uma beleza idealizada podem trazer conseqüências dolorosas, por vezes, irreversíveis. A inversão dos valores, o ter versus o ser, já é um traço característico da sociedade. A constante insatisfação pessoal e a depressão podem gerar um comportamento excluso à família e à sociedade.
A televisão, as revistas, o cinema, enfim todas essas mídias formadoras de opinião apresentam mulheres lindas, e magras sempre associadas com um bom nível social, fama, amor e dinheiro, o que cria uma ilusão em milhões de jovens e adolescentes que almejam para si esse ideal.

Há como fugir desse estereótipo? Difícil. A mídia cria o modelo, por exigência do mercado e os seres comuns do planeta correm atrás desse ideal de beleza.
Na Grécia antiga, Vênus de Milo mostrava um corpo feminino forte, sem os extremos exagerados que vemos entre a Renascença, onde a beleza feminina eram formas quase obesas e excessivamente arredondadas, e os espartilhos do século 19, que deixavam a “cintura de vespa”, até o emagrecimento absoluto que começou a ganhar força após os anos 60, do século XX. Até chegar ao corpo magro e malhado, ornado de músculos, do início do século XXI, onde as protuberâncias são obtidas com próteses e as gorduras sugadas em lipoesculturas.

A ditadura da moda, como toda ditadura que se preze, esta envolvida com alguns tipos de torturas físicas e psíquicas e para se chegar o mais próximo possível do padrão de beleza imposto em cada época já envolveu tratamentos estranhos, longos, dolorosos e caríssimos.
                                        
A indústria da moda ao ditar um padrão quase inatingível, ao apresentar modelos quase inverossímeis, distancia-se, cada vez mais, da realidade, ameaçando, assim, a sua própria continuação. Porque, de repente, pode haver um consenso de que por trás de tantas imposições existe na verdade, uma falsa arte. E as mulheres, principalmente, poderão começar a se cansar de serem rejeitadas em sua natureza por essa indústria e passarão a rejeitar não só as suas regras, mas a indústria da Moda como um todo,seus padrões de beleza e magreza, cansadas de estarem sendo privadas do prazer de viver com saúde em nome de um falso modelo de perfeição.

A busca descontrolada pelo corpo perfeito deve ser controlada. Mas quem deve fazer esse papel? Essa é uma responsabilidade de toda a sociedade, já que todos têm uma parcela de culpa nessa situação. Porém os meios de mídia abrangem muitas pessoas e de diversas classes sociais ao mesmo tempo. Logo seria plausível a idéia dos meios de comunicação começarem a desempenhar esse papel. Desse modo os responsáveis por criarem mais uma neurose na mente feminina ajudariam essas mesmas mulheres a serem mais felizes do jeito que elas são e sem precisar recorrer a médicos e pílulas para se sentirem confortáveis em sua própria pele.

Atualmente, verificamos a mobilização de alguns publicitários em favor da responsabilidade social nos anúncios. Olivetto, fundador da agência de propaganda W/Brasil, cita que para uma mensagem publicitária ser verdadeiramente efetiva na venda de um produto tem que fazer mais do que pura e simplesmente vender o produto. Tem que acrescentar algo de útil na vida do consumidor. "Não importa o que seja, mas tem de ter esse algo mais, porque assim é mais eficiente, assim é melhor negócio, assim é mais responsável com o quadro social e assim é mais contemporâneo", segundo Washington Olivetto.

Segundo Francisco Gracioso, presidente da Escola Superior de Propaganda e Marketing, os publicitários receitam o remédio, como aplicar a responsabilidade social nas propagandas, mas eles próprios nunca tomam. Diante desta consideração e da constatação de colocar ênfase na responsabilidade social da propaganda, um grupo de publicitários composto por ele, Hiran Castelo Branco, José Roberto Whitaker Penteado, Christina Carvalho Pinto e Ricardo Guimarães estão elaborando um Código da Responsabilidade Social da Propaganda.

"Eu  acredito na real beleza, aquela que está em todas as cores, idades, formas e tamanhos. Eu acredito na beleza maior, que vem da alma."