terça-feira, 9 de julho de 2013

Ele a deixou ir

Embriagado pelo álcool e pelo frio ele desabafava. Com um cigarro de palha no canto da boca ele falava e gesticulava, falava dos planos de vida e reclamava da solidão, da falta de uma companhia, de uma companheira, uma amante, uma namorada...

Questionava o porque de estar sozinho, ele percebeu que o tempo passou e que a idade chegou. Viu seus amigos encontrarem a tampa de suas panelas, viu suas amigas casarem com as metades de suas laranjas, se olhou no espelho, olhou para o lado deu-se conta que estava sozinho.

Pensou em tudo que viveu lembrou das aventuras, das mulheres com quem se deitou e das paixões, do primeiro amor. Tentou em vão contabilizar as noites que desejou ter alguém especial ao seu lado, acordar e sentir um perfume bom no seu travesseiro e se deu conta das chances desperdiçadas.

Não é tarde, ainda há tempo. Talvez não mais com aquela pessoa que poderia ter aceito a aventura de viver ao seu lado, de dividir uma vida, de crescer e construir. Com ela a chance foi perdida, a oportunidade passou, não por falta de paixão, desejo e química mas por falta talvez de sensatez e responsabilidade, de olhos mais atentos e sensibilidade. 

Ela tem outro alguém, ele está lá com suas promessas nunca cumpridas, com a idade cronológica sempre incompatível com a mente e o juízo (ou a falta dele). Ela formou, saiu de casa, encontrou um emprego e um peito pra se aquecer nas noites de frio. 

Ele continua lá com os mesmos assuntos, com o medo de se envolver e de se deixar levar por um grande amor..
Cuidado rapaz, assim como ela passou outras também passarão e você mais uma vez não vai notar e outra chance irá passar.

segunda-feira, 4 de março de 2013

sonho real

Acordei assustada no meio da noite, tateei ainda de olhos fechados o travesseiro ao lado: vazio!
Abri os olhos e saltei da cama, minha visão tentava se adaptar ao breu do quarto, sonolenta e confusa chamei por ele, repeti seu nome por diversas vezes e só então me dei conta de que ele nunca estivera ali, foi apenas um sonho, muito bom, mas ainda sim apenas um sonho.

Procurei de volta o caminho da cama, cacete!!! bati com o mindinho na quina da cama, que dor! 
Me ajeitei na cama ainda passando a mão pelo dedinho dolorido, afofei os travesseiros e tentei repassar mentalmente o sonho que tive. 

Parecia tão real, estávamos lá eu e ele, de sorriso de canto de boca, aquele olhar doce e atrevido, suas mãos quentes na minha frias de suor. Ele deitado ao meu lado, o peito nu, ainda arfante, eu me sentei ao seu lado cruzei as pernas e o encarava extasiada de prazer, ele me fitava como se tentasse ler meus pensamentos, nunca foi bom nisso, mas eu era...conseguia decifrar cada olhar, cada gesto, até mesmo o modo como se movimentava eu era capaz de saber o que se passava naquela cabeça...olhos transparentes, iam direto na alma.

A noite tinha sido incrível, um vinho escolhido a dedo pra ocasião, o jantar dispensava comentários, o papo estava leve, divertido como sempre, eu não parava de sorrir e ele não parava de olhar para meus lábios. Ele estava mais nervoso do que demonstrava estar, eu estava ansiosa, sentia um sabor de vitória, o gosto da conquista. sim, não nego ele era apenas mais uma das minhas conquistas, um fetiche, um bibelô pra coleção, eu coloquei na cabeça "eu quero aquele homem". E quando eu quero...ah não duvidem!
Eu queria seduzir, estava ali para ser o diabinho que atenta, que quer que o outro cometa o pecado, nesse caso eu era a pura luxúria, cheia de desejo. Eu sabia que por mais certinho que fosse ele não resistiria, vinho, boa comida, um vestido justo e sensual, um perfume suave e marcante, uma boca vermelha e sedenta por um beijo, e ele não resistiu.

Me tomou em seus braços com tanta vontade que sai perdendo um de meus sapatos. Me apertou contra a parede, nossas respirações se completavam, os corações batiam juntos, compassados. Sentia suas mãos pequenas, mas fortes me acariciarem as costas de um jeito que o tecido do meu vestido parecia quase inexistente, sentia o arrepio percorrer pelo meu corpo, o suor começava a brotar dos meus poros, meus mamilos estavam rijos, eu era puro tesão.

Ele percebeu pois logo senti em minhas coxas o volume por dentro de duas calças, ele me beijou com ainda mais intensidade, meio que desajeitado trombando entre sofás e mesinhas de centro, ele encontrou o macio tapete da sala e se jogou por cima de mim.
Eu delirava de prazer, o sabor da vitória, o gosto do desejo, o tesão pulsante na pele. não me continha e percorria seu corpo com a ponta dos meus dedos, desabotoei com agilidade os botoes da camisa e já com pressa arranquei seu cinto.

Ele tirou minha blusa como se desvirginasse cada parte do meu corpo, ele era delicado até nessa hora, eu ri, ele quis saber o porque eu o calei com um beijo...
Rolamos pelo tapete, entre beijos, toques e sussurros. Nem me lembro por quanto tempo ficamos ali, transando, fazendo amor, trepando, gozando, matando a sede, o desejo de ter um ao outro.

A hora passou, mais uma garrafa de vinho terminou e eu o convidei pra ficar, ele aceitou com um sorriso encabulado, é porque eu sei que ele ronca, e eu detesto! 
Enquanto eu tomava banho, conversávamos amenidades, ele foi depois, usou a desculpa que não gosta de ducha gelada, eu fingi que acreditei. Adormeci no meio de uma conversa qualquer, me aninhei no seu peito e só me dei conta de que ele não estava mais lá quando acordei e senti o travesseiro ao lado vazio, eu me dei conta que na verdade ele nunca esteve.
Só mesmo nos meus desejos intensos e profundos, nos meus pensamentos vadios e cheios de luxúria.

Me enrolei no edredom, abaixei uns três graus no ar condicionado e ainda sonolenta peguei o celular e digitei "sonhei com você..." apertei a tecla verde e li "mensagem enviada", virei para o lado abracei o travesseiro vazio e senti o cheiro dele, era tão real...

interrogações

Eu tô tentando entender, organizar os sentimentos, pôr em ordem essa confusão de pensamentos que me afligem, me angustiam, me inquietam a alma.
Como lidar com tanto sentimento junto ao mesmo tempo, poderia ser mais fácil, assim do tipo organizar gavetas do armário: uma sacola pro que não serve e uma caixa pro que vai ficar. Simples! 

Me atormenta a alma não conseguir lidar com meus próprios sentimentos e essa mania que eu tenho de ter solução pra todos os problemas alheios e os meus ali sendo empilhados dia após dia...

Eu mal consigo decidir que cor de esmalte usar, como vou saber se tomei a decisão certa pra vida toda? 
O mundo pesa sobre meus ombros e não sei mais quantos passos serei capaz de dar, estou fadigada da caminhada, longa e dolorida. Carrego cicatrizes que já nem me lembro de qual tombo foi...

Porque é tão difícil decidir??? Não seria mais fácil lançar a moeda num cara ou coroa?
Eu tenho pra mim que morrerei na dúvida eterna, dividida entre o se e o talvez, tentando achar respostas pra perguntas que eu nem sei se estão corretas.

Minha vida será sempre assim, um mar de interrogações.