quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

poema sem título

Não consigo escrever coisas de amor
Não consigo pensar coisas de amor
Não sei porque,
Mas não consigo expressar
E não consigo me mover
Não sei porque mas
Não sei no que pensar
Não sei em quem pensar
Não tenho em quem pensar pra falar de amor
Um amor
Um simples amor
Um amor que nunca saiu daqui
Que tentou se arriscar em alguns precipícios
Que foi cheio de enganos, cheio de furos
Sempre manteve um pé aqui
Mas a amarga ilusão o trazia de volta
E o reestruturava, tudo voltava ao normal
E voltava a procura de um outro simples amor
Que não volta jamais porque nunca foi.

ORAÇÃO A MIM MESMO Oswaldo Antônio Begiato




Que eu me permita
olhar e escutar e sonhar mais.
Falar menos.
Chorar menos.

Ver nos olhos de quem me vê
a admiração que eles me têm
e não a inveja que prepotentemente penso que têm.

Escutar com meus ouvidos atentos
e minha boca estática,
as palavras que se fazem gestos
e os gestos que se fazem palavras.
Permitir sempre
escutar aquilo que eu não tenho
me permitido escutar.

Saber realizar
 os sonhos que nascem em mim
e por mim
e comigo morrem por eu não os saber sonhos.

Então, que eu possa viver
os sonhos possíveis
e os impossíveis;
aqueles que morrem
e ressuscitam
a cada novo fruto,
a cada nova flor,
a cada novo calor,
a cada nova geada,
a cada novo dia.

Que eu possa sonhar o ar,
sonhar o mar,
sonhar o amar,
sonhar o amalgamar.


Que eu me permita o silêncio das formas,
dos movimentos,
do impossível,
da imensidão de toda profundeza.

Que eu possa substituir minhas palavras
pelo toque,
pelo sentir,
pelo compreender,
pelo segredo das coisas mais raras,

pela oração mental
(aquela que a alma cria e
que só ela, alma, ouve
e só ela, alma, responde).

Que eu saiba dimensionar o calor,
experimentar a forma,
vislumbrar as curvas,
desenhar as retas,
e aprender o sabor da exuberância
que se mostra
nas pequenas manifestações
da vida.

Que eu saiba reproduzir na alma a imagem
que entra pelos meus olhos
fazendo-me parte suprema da natureza,
criando-me
e recriando-me  a cada instante.

Que eu possa chorar menos de tristeza
e mais de contentamentos.

Que meu choro não seja em vão,
que em vão não sejam
minhas dúvidas.

Que eu saiba perder meus caminhos
mas saiba recuperar meus destinos
com dignidade.

Que eu não tenha medo de nada,
principalmente de mim mesmo:
- Que eu não tenha medo de meus medos!

Que eu adormeça
toda vez que for derramar lágrimas inúteis,
e desperte com o coração cheio de esperanças.

Que eu faça de mim um homem sereno
dentro de minha própria turbulência,

sábio dentro de meus limites
pequenos e inexatos,

humilde diante de minhas grandezas
tolas e ingênuas
(que eu me mostre o quanto são pequenas
minhas grandezas
e o quanto é valiosa
minha pequenez).

Que eu me permita ser mãe,
ser pai,
e, se for preciso,
ser órfão.

Permita-me eu ensinar o pouco que sei
e aprender o muito que não sei,

traduzir o que os mestres ensinaram
e compreender  a alegria
com que os simples traduzem suas experiências;

respeitar incondicionalmente
o ser;
o ser por si só,
por mais nada que possa ter além de sua essência,


auxiliar a solidão de quem chegou,
render-me ao motivo de quem partiu
e aceitar a saudade de quem ficou.

Que eu possa amar
e ser amado.
Que eu possa amar mesmo sem ser amado,

fazer gentilezas quando recebo carinhos;
fazer carinhos mesmo quando não recebo
gentilezas.

Que
eu jamais fique só,
mesmo quando
eu me queira só.

Amém.

Pela Metade

É difícil se viver pela metade. Quando algo nos falta, um pedaço, uma vida, um cheiro...
Saudade é a presença de quem não pode ficar. É o sentimento que dói pela falta, pelo querer e não ter, pela música que toca no rádio e faz a garganta travar, é o cheiro que ficou no travesseiro e me recuso a lavar...
A falta que maltrata que nos faz metade, seres incompletos, faltosos, melancólicos e por vezes piegas.
Vivo há algum tempo pela metade, sorriso pela metade, diversões pela metade, esperanças pela metade, que vão se esvaindo e virando 1/3, ¼, 1/5...
Vivo chorosa pelos cantos, disfarçando as lágrimas e as olheiras de noites mal dormidas com meus meios sorrisos e meios sonhos, minhas meias esperanças e angústias inteiras...
Quem vive pela metade morre por inteiro, não foi assim q disse um poeta!?
Então, eu to morrida há algum tempo....

do virtual ao real

Ele. Um homem mais velho, “certinho”, sempre de terno e gravata, profissional da área de comunicação acostumado com a agitação da Cidade que nunca dorme.
Ela. Jovem, desinibida, espontânea, universitária, cheia de energia, hiperativa e mesmo tendo sido nascida e criada no interior exala uma sensualidade a flor da pele.
O encontro foi casual numa sala de bate papo, ela logo deu o msn para que eles pudessem conversar com mais calma, calma essa que não durou muito...
As afinidades foram surgindo com a conversa, o papo estava animado, conversavam quase todos os dias, trocavam emails e se viam pela webcam.
Foram se tornando íntimos, as brincadeiras se tornavam mais picantes e o papo esquentava junto com a temperatura dos seus corpos. Mesmo a distância o desejo de um pelo outro era quase palpável, sentia-se no ar o desejo, um corpo chamava o outro, e a vontade de se encontrarem só crescia, junto com o tesão que sentiam quando se conectavam pelo mundo virtual.
Os assuntos eram diversos, conversavam sobre tudo como velhos conhecidos, apesar da morena dos lábios carnudos sempre falar mais que o homem de cavanhaque e sorriso largo, eles se entendiam e se divertiam juntos.
Ela se interessou, concluiu que ele também se interessara, mas havia um porém, ele morava longe e era comprometido. Mesmo assim, audaciosa ela não se intimidou e o convidou para um final de semana a dois no seu sítio no interior de Minas. Mesmo surpreso e receoso ele aceitou e partiu para o tão esperado encontro.
Ela ansiosa e excitada com a situação preparou tudo, lençóis de seda brancos, toalhas novas, pétalas de rosas, velas, morangos, um bom vinho e tudo o que julgava ser necessário para um encontro inesquecível, incluindo seu fetiche predileto, um corpete preto de renda, cinta liga e meias de renda com um scarpin rosa choque.
Ele chegou de taxi, o sítio era bem próximo a cidade e ela o recebeu com um sorriso aberto, o coração acelerado. Vestia apenas um short e um top amarelo que contrastava com sua pele negra, o que já despertou um desejo nele enquanto tirava sua mala e pagava o taxi a sua cabeça fervia em pensamentos picantes que o deixava excitado.
Adentraram a casa simples, mas aconchegante. A casa exalava um aroma que ele não conseguia identificar a origem mas isso só o excitava ainda mais, a surpresa, o encontro, tudo aquilo era muito louco mas o instigava e naquele instante não sentia mais medo, só um desejo incontrolável de tomá-la em seus braços.
Depois de andarem um pouco pelo sitio e conversarem assuntos banais ela o convidou a entrar e tomarem um vinho, a noite estava chegando e o sol se punha no alto da montanha.
Taças de vinho, queijos, morangos e risadas não eram suficientes para disfarçar o real desejo dos dois. Então ela se retirou da sala onde estavam aconchegados no tapete e foi até o quarto, ele a aguardava ansioso, podia ouvir a musica vinda de lá de dentro e isso mexia ainda mais com sua cabeça e aguçava sua libido.
Ele quase não acreditou quando fitou-a de baixo para cima e viu aqueles sapatos e a dona deles trajando aquela roupa que só ressaltava ainda mais a sensualidade e a sua beleza. No mesmo instante sentiu seu membro duro apertar-se contra sua cueca boxer sentiu o calor da sua pele e o seu rosto esquentar.
Ela aproximou-se dele e lhe estendeu a mão para ajudá-lo a levantar. Ao ficar de pé seus rostos se encontraram, ficaram próximos e puderam sentir a respiração ofegante um do outro.
Ele acariciou-lhe o rosto e beijou delicadamente cada pedaço de sua face, uma pele lisa e macia. E num encaixe perfeito seus lábios se encontraram num beijo quente e cheio de desejo.
Foram abraçados e se beijando para o quarto, o tesão aumentava ele sentia o coração dela bater descompassadamente, ela se excitava ao sentir o membro dele apertando-se contra a sua virilha.
Chegaram ao quarto tomados pelo desejo e pela paixão. Ela o atentava com mordidas no pescoço e nas cotas enquanto tirava sua roupa, ele apertava aqueles seios fartos, a bunda rígida e as pernas fortes, tinha vontade de rasgar as meias dela e tomá-la para si.
Se despiram rapidamente, ele se atrapalhava com as cordas do corpete o que a divertia e a deixava ainda mais com vontade de ser dele.
Nus, os corpos finalmente se encontraram e como já se conhecessem, como se fossem predestinados um ao outro eles se encaixaram. Ele a beijava, acariciava-lhe os seios, beijava sua tatuagem de adolescência na virilha, foi de encontro com sua vavá e se deliciou ao beijá-la a sentir o calor dela em sua boca, sugava-a com intensidade, afoito, louco de desejo, ela delirava de prazer, uivava feito uma loba quando tomada pelo seu macho. Ela de cara gozou com vontade molhando até os cabelos dele, o que o enlouqueceu ainda mais.
Ela quis logo retribuir o presente e com vontade percorreu com a língua cada parte do seu corpo, como se desvendasse um mistério, percorreu cada extremidade daquele corpo másculo e forte. E voraz feito uma fêmea no cio ela se revelou uma amante devassa e o chupou com vontade, ora com delicadeza percorrendo cada pedaço do seu orgão, ora com vontade sugava forte, lambia-lhe as bolas, colocava-as na boca e chupava o seu pau como se fosse um pirulito. Ele murmurava palavras indecifráveis e não conseguindo controlar mais puxou para si e a possuiu com toda vontade e desejo do seu corpo e de sua alma.
Seus órgãos se encaixavam magicamente, o vai e vem era frenético, os corpos transpiravam e ela foi à loucura quando ele a pôs de quatro puxou-a pelos cabelos e penetrou-a com toda intensidade que jamais havia sentido. Amaram-se por quase duas horas, incansáveis, insaciáveis gozaram exautos e deixaram seus corpos caírem sobre os lençóis molhados pelo suor e pelo gozo de ambos.
Dormiram abraçados e sorrindo, como se a mágica daquele encontro fosse se perpetuar para sempre.
O galo cantava anunciando o dia que chegava e saudava o sol que nascia ainda meio tímido, mas que já reservava uma bela manhã de sol. Ela acordou primeiro e com carinho beijando-lhe os lábios despertando-o do sono. Ele sorriu ao abrir os olhos e vê-la ali com o corpo nu a acariciar-lhe os pêlos do peito. Beijou seus lábios com vontade e quando ia deitá-la em seus braços, ela o surpreendeu e se levantou enrolando-se numa toalha saiu, ele correu atrás e seguindo-a chegaram a uma cachoeira de encher os olhos, a água caia limpa e pesada sobre as pedras. Ela se despiu da toalha e mergulhou na água gelada espirrando a água nele que se arrepiou ao sentir a temperatura, admirado ele a olhava nadar como uma sereia e em seguida se jogou na água para ir de encontro a ela.
Na cachoeira os dois se amaram o resto do dia, hora na grama, hora dentro d’água. Exaustos saíram de lá ao entardecer e o que era virtual tornou-se real. Real, intenso e inesquecível.