quinta-feira, 19 de abril de 2012

Já era tarde

Depois de tanto tempo, tanto tempo que nem sei mais, talvez o que? uns 18 meses?! é por aí... ele reapareceu feito fênix ressurgindo das cinzas, como uma alma mal desencarnada que vaga pelo umbral. Através de um sms num fim de domingo. 

Eu que não sabia ao certo se enfim tinha superado levei um baita susto. Foi um mix de reações: por uns minutos o chão se abriu sob meus pés, a barriga doeu e ameacei chorar, me contive e tentei racionalizar. Diante daquelas poucas frases não sabia se respondia, se ignorava ou se...e de repente o celular desandou a vibrar e tocar aquele toque polifônico que tanto me irrita, era ele! 
Ah não acredito, ele me binou??!!! Não perdeu a mania, não cresceu e ainda usa um telefone pré pago.
Retorno? Desligo essa porra? Ele binou de novo....

Dividida eu olho pro aparelho em minhas mãos suadas, disco o número que eu nunca esqueci, aperto o verde? aff que dor de barriga...
Seja o que Deus quiser e ele atende no segundo toque, digo alô coma  voz rouca, coração acelerado. Ele responde a saudação com voz de choro pergunta como eu estou e começa uma conversa cheia de frases soltas e  entra no seu velho discurso, o mesmo daquela quarta-feira quando eu liguei pra confirmar o cineminha da noite e ele terminou comigo, impressionante! ele deve ter escrito ou decorado porque ele repetiu exatamente as mesmas frases, palavra por palavra. 
Senti na hora a dor daquele momento, senti tudo de novo, revivi cada sentimento, a dor e as lágrimas.

Respirei fundo e  continuei ouvindo calada o velho pedido de perdão pós confissão "mea culpa, máxima culpa" e blá blá blá eu respondi de novo e de no novo que eu não tinha mais ódio nem raiva, só tristeza e que por isso não havia nada pra perdoar, afinal ele queria seguir o seu caminho e eu não poderia impedi-lo, sabia que isso isa doer nele e falei de propósito.

Ele puxou assunto de novo depois de uns segundos de silêncio, tentou parecer natural e perguntou banalidades, coisas do dia a dia e eu monossilábica respondia  a tudo como numa entrevista de emprego.

Eu me despedi falei que tava tarde e precisava dormir (mentira ainda tava passando Fantástico), ele fez de novo, e ele sabia que isso me mata finalizou com o horroroso "beijo, se cuida" nada mata mais uma mulher do que ouvir isso de um cara que ela gosta/gostava enfim... isso é péssimo tá! meninos não façam isso jamais com uma mulher digam apenas beijo e tchau, mas se você não tem intenção de cuidá-la não peça para que ela cuide-se sozinha, é triste, feio e dói.

Desejei boa noite e apertei o end, fim! O telefone ficou mudo e eu desabei no chão da cozinha, sentei e fiquei ali esperando as lágrimas caírem, mas elas não apareceram. Eu não sei ao certo o que eu sentia, não era uma coisa só, tinha um pouco de tristeza, um punhado de dor, mais um tantinho de ressentimento e pitadas de saudade. É acho que foi um pouco disso.

Diferente dos meus outros exs esse depois que o relacionamento acabou não o vi mais, não teve nenhum reencontro nem mesmo casual, mais de um ano e eu não tive nenhum contato visual com ele. Uma vez ele me mandou uma mensagem dizendo que me viu passar no centro da cidade, mas como ando no mundo da lua e a miopia ajuda eu por obra divina não o vi nesse dia. Não sabia qual reação eu teria, naquela época seria bem capaz de eu dar piti e ameaçar me jogar na frente de um ônibus bem no meio da avenida paraná.

Ultimamente eu voltei a pensar nele, mas sei lá cara, tá estranho, tenho sentido outras coisas, racionalizei as paradas. Vez ou outra ele surge através de uma mensagem de bom dia/noite pergunta como estou , outro dia desses aí ele ligou (binou não meu povo, ligou mesmo) deixou no ar a vontade de me ver, um reencontro entre amigos pelo tom da voz, mas com um fundo de saudade, disse que viu minha foto de formatura me deu os parabéns, elogiou e disse que tô bonita, agradeci inventei outra desculpa e desliguei.

Não sei se quero, se aguento, o que eu sei é que se passaram tantas quartas-feiras depois daquela que eu aprendi que a saudade que eu sinto é de algo que já foi e que não volta, a saudade é do passado e um presente ou futuro jamais seriam iguais.

Eu tô naquela de "compreender a marcha e ir tocando em frente" e como eu tô carente eu tenho forte tendência a misturar as coisas e misturar sentimentos da mais ressaca que vodca com vinho.
Eu sinto saudade da felicidade que eu sentia ao lado dele, mas nós já não somos mais os mesmos, ninguém pisa duas vezes no mesmo rio e essa felicidade não seria a mesma hoje, porque o hoje é diferente dos anos que ficaram pra trás, amanhã eu já nem serei a mesma de hoje....divagações....

A vida seguiu seu rumo, como o rio segue seu curso. Nos encontraríamos hoje como dois estranhos, se conhecendo novamente e não, não daria certo eu sei disso. Eu sinto falta do que éramos juntos e jamais voltaremos a ser, a fila andou e eu esqueci de falar pra ele naquele telefonema no meio da reportagem do Zeca Camargo que ele voltou, mas voltou tarde demais.

Nenhum comentário:

Postar um comentário