segunda-feira, 4 de junho de 2012

reencontro

Ele fez o covite, eu hesitei. Pra que remexer num passado dolorido e tão presente? Pra que arriscar?
Deu medo, arreguei, inventei uma desculpa, depois mandei um sms e falei a verdade "Tô com medo, medo de te ver, de não saber o que sentir o que fazer, medo de te olhar e querer me atirar de novo nos teus braços".


Ele respondeu "tudo bem, é seu direito, mas olha tô aqui se mudar de ideia, se cuida" - vai pra porra com esse se cuida, porque você não diz deixa que eu cuido de você? me cuidar é o que eu tenho (tentado) feito desde sempre....


Dormi bem como não dormia a muitas semanas, acordei tarde com o coração acelerado e nenhuma vontade de fazer as malas, desmarquei meus compromissos, avisei minha mãe, me enrosquei de volta no edredom, coisa boa é cama da gente....cochilei mais um pouco e decidi que ia aproveitar a segunda como se fosse feriado. 


Me arrumei e fui andar, bater perna, comprar miudezas, comer besteira, ver um filme sozinha, resolvi que ia me amar mais hoje e foi quando o telefone tocou e ele perguntou do outro lado se eu já tinha partido, quis mentir mas meu coração não deixou e acabei aceitando o convite pra um filme, uma cerveja, um papo...marcamos.


Desliguei o telefone, me arrependi. MERDA! sempre faço isso. E agora? e meus planos para o meu dia comigo? sigo em frente ou me jogo na cama de novo?
Banho e rua e seja lá o que isso for...cantarolei fé em Deus e pé na tábua e fui embora...


O filme me distraiu, olhei pro relógio e putaquepariu tô atrasada pra variar, entrei no banheiro do shopping e sem me importar com a senhora que lavava as mãos arranquei minha blusa e catei a outra na bolsa, comecei a me maquiar de qualquer jeito só pra dar uma melhorada mesmo, o cabelo já tava uma bosta (ele nunca fica bom quando precisamos, jamais deixe sue cabelo saber que você tem um encontro), fiz um xixi rápido e me embrenhei no meio do povo no caos das ruas quando o relógio marca dezessete horas e trinta minutos.
Não podia correr pra não suar e piorar o meu estado, meu estômago doía e  minha sapatilha causou uma bolha no meu calcanhar, pra piorar só se ele não fosse, ou talvez isso fosse bom...cheguei!


Catei uma água no quiosque, um chicletes na boca e fui me "ajeitando" nos espelhos da escada rolante, juro que eu achei que a moça do meu lado estava ouvindo meu coração bater destrambelhado, qualquer um podia ouvir, quase caí no fim da escada, me ajeitei e de longe eu o vi...depois de quase dois anos...o mesmíssimo menino de barba feita, cabelo raspado, mais gordinho, mas o mesmo, o meu mesmo amor de antes, coração não estava cabendo dentro do peito.


Ele me abraçou, elogiou meu perfume, meu novo visual, ficou meio sem graça quando constatei que ele estava mais gordinho, menos sarado, riu com as bochechas vermelhas, meu menino!!!! quase o beijei lá mesmo em meio aos adolescentes de uniformes e casais com pipocas nas mãos.


Conversamos amenidades e trocamos os super-heróis por chopes gelados. Ele tirou da mochila uma sacola de chocolates, uma rosa e me deu um beijo, desviei e foi "na trave", gelei. Pedimos nossas bebidas e começamos a bater papo, a falar da vida, das nossas vidas, do passado, do presente, casualidades...


O clima era evidente, e no terceiro chopp eu fui ao banheiro pra evitar um beijo, quando voltei quase caí dura quando dei de cara com um rapaz no restaurante tocando violino para os clientes. Só faltou as velas, de resto tava tudo armado, parecia combinado quando ele fez uma sequencia de Roberto Carlos com "carinhoso" e pra maltratar tocou Fascinação, quase chorei e pedi pra ele ir embora...sorri sem graça e ele percebeu meu desconforto, despistei, ele chegou ais perto começou a me elogiar e a relembrar bons momentos, no violino "eu sei que vou te amar" quase quebrei a tulipa e cortei os pulsos (sou dramática), passou a mão pela minha cintura, começou a beijar minhas mãos enquanto conversávamos e ao som de "i see little pray for you" eu me rendi e nos beijamos.


Quase ouvi a torcida em volta gritar gol, mais um pouquinho e haveria fogos de artifícios no céu, foi doce, foi intenso, foi quente, foi bom. Não paramos mais de nos beijar, eu tentava relaxar e espantar o medo de sentir o que eu sentia, o tesão era evidente mas eu tinha que ser forte, ao menos racional. 


Passamos o resto da noite entre frases e muitos beijos, não deixei que ele me trouxesse em casa, nos despedimos com promessas de nos vermos em breve.


Lancei os dados, tentei a sorte, foi dada a largada e agora....seja o que Deus quiser e espero que eu não me arrependa. Uma coisa eu já aprendi: amor de verdade adormece, mas não morre.

Um comentário:

  1. Que alegria ler essas palavras, principalmente por saber que isso te faz bem.

    E se faz bem, que mal tem?

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